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terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma nova forma de ver TV


Uma nova forma de ver TV  - Coluna Elis Monteiro
Final de novela das 20h, desfile de escolas de samba, jogos de Copa do Mundo que a princípio ninguém veria? Agora, tudo isso passa a ser diversão, caso você esteja acompanhando tais programas – que a princípio nunca te interessariam – rodeado de amigos. Melhor: junto com milhares de pessoas, que postam, ao mesmo tempo, os mais estapafúrdios comentários, o que transforma toda a programação, por pior que seja ela, numa alegre mesa de bar.

Está aí um uso interessante de redes sociais como o Twitter: elas fazem com que seres humanos possam estar sempre acompanhados. Bateu o tédio no meio do capítulo mais chato da história das telenovelas brasileiras, a TV a cabo não dá conta do recado? Basta logar-se na rede de microposts e você vai encontrar milhares de pessoas que pensam exatamente como você, acabaram resolvendo não sair de casa e estão se divertindo com tiradas publicadas sobre aquele tal programa insuportável. É fato: basta entrar na rede que alguém com certeza estará narrando a história de forma gozada, fazendo com que qualquer tipo de programa acabe se tornando imperdível.

Essa é uma nova forma de assistir TV, não dá para negar. Até então, quando se falava em assistir TV acompanhado logo se pensava num sofazão com a família reunida em torno da caixinha preta, cada um comentando os pedaços de cada capítulo. Indo mais além: quem é quem se lembra da época em que as comadres se sentavam nos banquinhos na frente de casa para ouvir rádio e/ou assistir os capítulos da novela das 19h e das 20h (quer dizer, das 21h)? Agora, os banquinhos e os sofazões são virtuais, mas companhia é o que não falta.

Pois é exatamente assim que está sendo a primeira Copa do Mundo assistida via Twitter. Não achou uma turma para queimar uma carne e tomar uma cerveja e bateu “aquela solidão”? Não há problema: tem sempre alguém ali, do outro lado da telinha, doido para compartilhar impressões sobre jogos e jogadores, falando bem ou falando mal. É a era das vuvuzelas virtuais.

Kaká mandou a bola fora? A galera do Twitter não perdoa! O técnico andou falando demais? Vira Trending Topics no Twitter (para quem não sabe, Trending Topic, ou TT, é a lista dos assuntos mais comentados no Twitter, em todo o planeta). Recentemente, dois movimentos se tornaram número 1 nos Trending Topics WorldWide (toda a internet, ou seja, para todo mundo que usa o Twitter no mundo, nada menos que 105 milhões de pessoas, a expressão fica em primeiro lugar): o CALA BOCA GALVAO (assim mesmo, sem acento) e o CALA BOCA TADEU SCHMIDT.

No caso de Galvão Bueno, tudo começou no primeiro dia de transmissão da Copa do Mundo e a expressão diz exatamente o que os twitteiros gostariam que acontecesse – que o narrador número 1 da TV Globo se calasse. O movimento ficou em primeiro lugar nos TTs por mais de quatro dias consecutivos e chamou a atenção de jornais como “New York Times” e “El Pais”, dentre outros, interessados em decifrar o enigma. E como não há limites para a gaiatice do brasileiro, para manter a expressão em primeiro lugar nos TTs alguém bolou uma campanha sensacional, com vídeo e tudo, afirmando que “CALA BOCA GALVAO”, na verdade, é um movimento para salvar um pássaro raro que está em extinção – o tal GALVAO. Acharam demais? Pois os internautas brasileiros, uns fanfarrões, foram além: passaram a twittar, para os gringos verem, que a tal expressão era o nome de uma nova música da atualmente celebrada cantora Lady Gaga.

Já o CALA BOCA TADEU SCHMIDT nasceu porque o apresentador de esportes da TV Globo apresentou uma reportagem, no programa “Fantástico”, que demonstrava as grosserias do técnico da seleção brasileira Dunga. Este, que não tem o apelido à toa, xingou o jornalista Alex Escobar em frente às câmeras de todos os repórteres presentes na coletiva de imprensa realizada depois do jogo Brasil 3 x 1 Costa do Marfim. Por mais que o twitteiro brasileiro concorde com Tadeu - de que o técnico anda abusando da falta de educação - o movimento foi inevitável. E lá vem o Brasil atacando de novo nos TTs! E mais internautas se unindo para assistir, juntos, a todos os jogos enquanto comenta tudo pelo Twitter.

Essa nova maneira de agregar pessoas em torno de um assunto acaba influenciando, e muito, os rumos da programação televisiva. Porque é óbvio que os executivos de TV estão de olho nos movimentos do Twitter, já que a rede de microposts ainda reúne um bom contingente de formadores de opinião. Ou seja, a TV nunca mais será a mesma depois que as pessoas ganharam voz. Isso é bom. Ou não?

 
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