Site deve fazer oferta pública de ações (IPO, em inglês) em maio.
Estreia na bolsa tem expectativa alta e desafia a rede a crescer ainda mais.

Analistas estimam que, ao abrir capital, ela chegaria a um patamar de US$ 100 bilhões ("meio" Google). Isso deixaria o Facebook na sétima posição entre as empresas do setor de tecnologia das Américas, ainda atrás da líder Apple e de Microsoft, IBM, Google, Oracle e Cisco. A entrada na bolsa e a obrigação de atender às altas expectativas deixam a empresa com a missão de aumentar cada vez mais o número de usuários e mantê-los satisfeitos.
“O Facebook ficou muito tempo com poucas atualizações. A Timeline mudou bastante a experiência de uso, mas acho que ainda há muito a ser feito”, diz com Rafael Lamardo, professor de Tecnologia da Informação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
O site "foi construído para realizar uma missão social: tornar o mundo mais aberto e conectado", diz Zuckerberg em carta entregue junto com a documentação para estrear na bolsa.
Mas Lamardo entende que a abertura de capital pode fazer a rede social virar refém de processos ligados ao mercado de ações e aos acionistas. “Existe um controle excessivo com as empresas que atuam na bolsa de valores. Isso faz com que esta empresa foque apenas em recursos que trazem retorno [financeiro] para os usuários”, explica.
“Até agora, o Facebook teve liberdade para criar recursos que tornaram a plataforma melhor e muitas coisas não renderam dinheiro. Mas isso fez com que a rede social estivesse muito a frente dos concorrentes. Ter acionistas olhando as ações do Facebook de perto pode ser um problema neste sentido”.
Valor de mercadoNos documentos enviados na última quarta, o Facebook informou dados que revelam um negócio lucrativo e de rápido crescimento. Em 2011, chegou aos 845 milhões de usuários no mundo. O lucro líquido foi de US$ 1 bilhão e a receita, de US$ 3,7 bilhões.
Diante dessa arrecadação, a cifra de US$ 100 bi esperada após a estreia na bolsa é considerada "inflada" demais por alguns analistas. "Os números só justificam uma avaliação de US$ 50 bilhões", disse Michael Yoshikami, presidente-executivo da YCMNET Advisors, uma empresa de gestão de patrimônio da Califórnia, à agência Reuters.
Jogos e appsA rede social deve atingir o primeiro bilhão de usuários em agosto deste ano. Mas os dados de crescimento dão sinais de que pode haver uma desaceleração. Nos últimos 3 meses de 2011, o total mensal de usuários ativos do Facebook cresceu 5,6%, contra 10,5% no mesmo período de 2010. Segundo o site Socialbakers, nesse período houve leve queda nos Estados Unidos, líder em usuários, com cerca de 156 milhões.
Da receita, 86% veio de publicidade e 12%, da parceria com a Zynga, que faz jogos para a rede social, como o Farmville e o Cityville. Os jogos são grátis, mas, quem quiser, paga por "vantagens" especiais. O Facebook também está tentando diversificar e está de olho em serviços como o de notícias, bate-papo por vídeo e aplicativos móveis, citados no documento entregue para a abertura de capital. "Pretendemos crescer nossa base de usuários continuando com ações de marketing e melhorando nossos produtos, incluindo apps, para tornar o Facebook mais acessível e útil", diz o texto.
"Para que investidores paguem o preço deste negócio, eles vão ter que ser extremamente confiantes de que o Facebook será capaz de desenvolver novos canais de receita significantes", avaliou Ryan Jacob, da Jacob Funds, também à Reuters. "As oportunidades para eles são quase infindáveis se eles entregarem isso", acrescentou.
Fonte: G1