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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um mundo sem computador


Um mundo sem computador  - Coluna Elis Monteiro
Dia desses me peguei numa situação difícil: fiquei sem um computador para trabalhar. O notebook que meu antigo empregador tinha me emprestado precisava voltar para o dono; a fonte do meu netbook da Asus queimou e lá vou eu, desesperada, correr atrás de uma solução. Já que há anos me livrei dos desktops, tentei trabalhar via iPhone. Consegui responder e-mails; navegar nas redes sociais; aprovar solicitações de amizades; dizer que não comparecerei a eventos, etc. Até fui capaz de abrir arquivos de Word, mas não editá-los. Mesmo assim, passando certo sufoco, posso dizer que, numa realidade que se delineia para muito breve, não precisarei mais de notebook nem de netbook.

Você já parou para pensar como seria sua vida sem computador? Se você já tem um smartphone e não é jornalista (que precisa de teclados para escrever textos longos) já deve ter notado que usa cada vez menos o desktop ou notebook. Se a internet pode andar dentro do seu bolso, para que plugá-la na tomada?

Há anos os especialistas preveem e decretam a morte do PC. Não acredito numa morte iminente, não a médio ou curto prazos, mas cada vez mais ele ficará restrito a momentos de trabalho – e para o uso corporativo, no qual é impossível imaginar até a morte do e-mail, esse serviço que para os meros mortais começa a cair em desuso.

As casas estão ficando menores? A paciência com os fios acabou? O mundo sem fio chegou para ficar? A resposta para o fim do uso do computador como ele era é uma mistura disso tudo aí. A miniaturização das máquinas, somada à multiplicação da capacidade dos pequenos aparelhos levará a uma necessidade cada vez mais rara das grandes máquinas. Para quem abandonou o desktop, por exemplo, é impensável voltar atrás. É como pegar uma máquina de escrever depois de ter adotado um PC!

No Brasil, o movimento de abandono dos computadores ainda é lento porque as conexões wireless não são as ideais – e deve levar um bom tempo para que o cenário mude. O 3G chegou há anos e ainda não emplacou direito porque as operadoras investiram muito e ainda estão pagando o preço das licenças. E se você ainda não pagou por um pacote de biscoito, vai comprar outro mais gostoso por quê? A não ser que seja um irresponsável e que o biscoito valha muito a pena o investimento, diz a voz da sensatez que primeiro você tira o máximo proveito possível daquele biscoito que está em casa, antes de ir à caça de outro pacote na prateleira do supermercado. Mesmo que o tal biscoito seja muito, muito gostoso.

As telas ficam cada vez menores, mas as necessidades aumentam a cada dia. O que antes era apenas curiosidade – downloads de seriados e filmes, por exemplo – agora se mostra como item indispensável. O usuário adquire novos desejos e sonhos de consumo e quer ver satisfeito seu apetite. E se as máquinas menores são capazes de oferecer tudo aquilo (e muito mais) que as grandes sempre ofereceram, a troca é apenas uma questão de tempo.

O passo definitivo rumo a um mundo sem computador necessariamente dependerá de redes 3G ou 4G melhores e mais rápidas; da adoção de aparelhos com telas mais confortáveis; do uso de teclados mais confortáveis e anatômicos, mesmo que pequenos; da diminuição no preço dos equipamentos, o que no Brasil chega a ser piada; da cultura do “quanto menos espaço ocupa, melhor é”. Ou seja, há ainda muito aprendizado antes de se efetivar a cultura do micro “quase invisível”. Mas a indústria corre atrás e nos deixa sedentos – quem não sonha em carregar o computador na palma da mão (ou nos dedos), como sugere, por exemplo, a tecnologia Sixth Sense, apresentada ao mundo durante um TEDGlobal (TEDTalk disponível em http://tinyurl.com/ac4ees)? É ou não um sonho dourado?

No Brasil, no entanto, ainda há uma sobrevida interessante para os PC´s (notebooks, principalmente). Segundo a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica) o mercado de computadores pessoais totalizou 12 milhões de unidades vendidas em 2009, mesmo volume comercializado no ano anterior. Mas as vendas de desktops caíram 11% em 2009, em comparação com o ano de 2008 (de 7,70 milhões para 6,85 milhões de unidades). Já as vendas de notebooks, incluindo os netbooks, cresceram 20% (de 4,30 milhões para 5,15 milhões).

O relatório mostra uma sobrevida ao velho PC de guerra: em março deste ano, por exemplo, pegando apenas os números da Positivo – fabricante que mais vende no país - houve um salto nas vendas de 31,8% no primeiro trimestre de 2010, em comparação com o mesmo período de 2009. Tudo por conta das compras efetuadas pelo governo, que há tempos precisava renovar seu parque tecnológico. Até março deste ano, a Positivo vendeu 425,7 mil PC´s, contra 323,1 mil vendidos um ano antes. O preço, como todos sabemos, caiu: agora, em média, um PC sai por R$ 1.389, contra R$ 1.409 registrado em 2009.

Mas aqui é preciso avaliar outro movimento: a entrada em massa das classes C, D e E no mercado de computadores pessoais. O que não acontece nos países de primeiro mundo. Isso não significa, claro, que o PC não vai morrer para muitos early adopters, que já estão vivendo uma realidade totalmente desplugada. Pena que navegando na Web com velocidades ainda de terceiro mundo.

 
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